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quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Gente Preocupada.


Nas ruas tem gente preocupada.
Preocupada em que vestir.
Preocupada com o relógio.
Preocupada com o salário e com as dividas.
Tem pessoas preocupadas pra ter o que se preocupar.
Uma alma de preocupação sem fim.
Quem deseja demais fica preso demais.
Preso ao incansável ao insaciável.
O dia curto e os desejos são longos.
Caímos em um labirinto de angustias sem sentido.

O que vai fazer?
Por que fazer?
O que temos?

Fechei os olhos e tentei entrar em um transe do vazio de minha existência.
Certo de que o conceito da alma livre começa no fim de qualquer expectativa
.
A expectativa te engole e te cospe.
A expectativa é o pai das frustrações.
Pergunte a alguém qual o programa de hoje e ele responderá:
“Trabalhar, sou ocupada demais.”
Ocupação demais e estamos limitado a refletir e a pensar.
Tantos compromissos com o nada.
Cabeça vazia casa dos desesperados.

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Sintonia.


Desde que bati a porta de casa em direção ás ruas e ladeiras eu tentei criar nenhum tipo de expectativa em relação àquela noite.
Eu vinha trabalhando isso em minha mente á bastante tempo, mas eu sabia o quanto era difícil. Eu queria apenas ser honesto comigo mesmo e com tudo ao meu redor. Viver uma constante experiência transcendental de viver, onde apenas bastava que os fluxos das coisas seguissem seu rumo.
Eu tentava mergulhar no vazio da minha alma e perder todo o filtro que me impede de me comunicar de forma sincera e honesta.
Alguém vai achar que é excentricidade.
Mas é só um esforço da naturalidade, como as águas limpas em que nada jamais nadou.
Parece uma loucura, parece inalcançável. Mas estava disposto a encarar o exercício diário. Um esforço que vai além de toda a força e alma.
Entramos no bar e ela foi ao banheiro enquanto eu olhava de forma entediada para a televisão. Fiquei feliz em estar naquele lugar, naquele momento e naquela hora. Televisão em pleno domingo facilita o suicídio.
Quando ela voltou, eu já estava com uma cerveja na mesa. Ela não estava bebendo, mas eu estava com sede. Eu não gostava de beber sozinho, me sinto uma péssima companhia, como correr ao lado de um aleijado ou cantar em frente ao mudo.
Era meu egoísmo, mas ela não se importava. Só queria que eu me sentisse a vontade, aparentemente eu já estava, mas a bebida potencializaria isso.
A bebida sempre nos traz mais perto do transcendentalismo que eu queria encontrar.
Continuei bebendo e degustando bem devagar.
A cerveja descia lentamente em minha garganta, eu queria descrever toda a sensação, mas seria mais um egoísmo da minha parte.
Perguntei o que mais ela queria da vida.
“Gostaria de trabalhar perto do mar, em alguma praia.”
Um trabalho paradisíaco.
Compartilhei de seu gosto. O vento do mar em meu rosto, a maresia nos trazia uma sensação de paz e serenidade.
Mesmo morando perto do mar, chegamos á conclusão que não era a mesma coisa.
Ela desejava, eu apenas queria.
Ela estava dentro de um monte de roupa por causa de um suposto frio da qual eu mal sentia, mas não a deixava menos sexy. Eu desejei estar mais perto dela, onde pudesse beija-la, mas não sentia nenhum tipo de sintonia carnal, ela me olhava e só me oferecia interação, me deixava parcialmente satisfeito. Mas o suficiente para me perder naquele bar, onde não havia mais ninguém pra contar histórias, ninguém além de nós dois.
Ela olhava para mim sentada em um banco de pernas enormes, onde seus pés mal conseguiam tocar no chão.
Eu falava, falava, e falava. Queria saber onde poderia chegar com tudo aquilo, ela só me acompanhava com seus olhos castanhos em um interesse que me balançava.
Eu queria deixa-la mais a vontade, mas ela dizia que tinha saído de casa com um filtro que a impedia de entrar na sintonia perfeita, e sem beber ficaria mais improvável de acontecer.
Depois de duas cervejas paguei a conta e fui leva-la em casa.
As ruas já pareciam esquisitas, escuras e solitárias, assim como seria a minha volta.
Depois de dobrar algumas ruas em direção a sua casa, ela me prometeu que da próxima vez deixaria o filtro em casa, tentaria extrair a maior sinceridade e honestidade da profundeza de sua alma.
Senti-me feliz em saber que nosso tempo foi preenchido de forma proveitosa, mesmo sem ter passado esse tempo de forma carnal, a minha sintonia estava mais interessada em sua simetria de ideias do que a simetria do seu corpo.
Na caminhada isolada em direção em minha casa refleti sobre isso e percebi que desejava uma tanto quanto a outra.
Desejo suas ideias, sua interação, seu calor e a proximidade de nosso corpo.