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terça-feira, 24 de maio de 2011

O Quarto de Coisas Velhas.

Em um quarto de coisas velhas encontrei minha antiga bota.
Uma Bota surrada, com um certo cheiro de mofo, mas com algumas histórias pra contar.
Com aquela bota eu pisava em poças com descuido,
molhava-o em águas imundas e deixava que a natureza o secasse.
Sujas ou limpas eu sabia que voltaria a usa-las, não importava seu estado.


Depois de tanto tempo eu a encontrei neste quarto de coisas velhas,
perto de relógios parados, camisas rasgadas, livros usados.
Nas gavetas dos ármarios empoeirados eu encontrei poesias que não voltaria a escrever,
fotografias que não queria voltar a ver.
Mas o pior mesmo foi encontrar números de telefones que por mais que quisesse,
não iria voltar a ligar, mesmo sem coragem de perde-las.


Em meio aos aparelhos de segunda mão encontrei cartas carregadas de sentimento.
Sentimentos que agente ainda guarda dentro do coração, 
mesmo que seja naquela parte do quarto de coisas velhas.
Tem certos sentimentos que se parecem com a minha bota velha; 
Embora tivesse um carinho especial por ele,
usava-o com descuido esperando a natureza consertar.
Agora ele vai estar guardada lá dentro surrado,cansado,
pra quem sabe um dia eu abrir e lembrar que ela vai estar lá, aonde quer que eu vá.


Existem carros com cheiro de novo que são de segunda mão.
Há dias que você escuta um "pra sempre" sentindo um "talvez"
Há dias que você beija com gosto de "não mais".


As flores murcham mesmo sendo bem tratadas.
Paixões sobrevivem depois de tanta rejeição.


Mas apesar de tudo meu coração é como meu quarto de coisas velhas,
onde deixo sempre um espaço no canto, para o que eu guardar, sendo muito bom ou sendo um desconforto, eu tenha o prazer de voltar a lembrar.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Perguntas e Respostas.

Ontem eu percebi que não adianta prometer estrelas quando se têm poeiras nas mãos.
Fiquei com vontade de ir ao encontro á repetição.
Mas dessa vez eu não queria ser o livro chato ou o filme sem graça.
Eu queria ser a placa que direciona vidas, aquelas que agente não vê enquanto pisca.


Muita gente diz que o tempo muda tudo.
Embaralha o jogo enquanto estamos ganhando.
É complicado saber que você é o unico que quer ouvir uma música que ninguem presta atenção.
Mas o que importa é que insisto, e vai ter uma hora que você vai cantar junto, eu sei.


Vai ter um dia que o destino vai juntar nosso passos outra vez, e nós vamos denovo seguir o incerto,
e quando isso acontecer vamos cometer os mesmos erros de sempre, e vai saber que mesmo que o tempo mude, ele não apaga.


Agora que nós crescemos percebemos que nossos pais nunca tiveram respostas pra todas as nossas perguntas.
E nem nós temos mais todas as perguntas.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

O Sentido

Eu já percebi que não há mais peixes para pescar em minha banheira.
Hoje eu olhei no espelho e quis tocar alem dele.
Acordei com vontade de escutar a mesma história de ontem, escutar as mesmas desculpas,
discutir sobre velhas teorias que não funcionam na prática.


Sísifo sabe que as vezes as rochas parecem estar mais pesadas do que outrora.
Eu também sei.
As vezes eu me sinto num armário velho ou numa biblioteca antiga, sem me dar conta
que não adianta passar um pano molhado, amanhã a poeira vai estar lá, é como fizesse parte
de seu charme.


Mas quem nunca regou flores mortas?
Quem nunca escreveu um poema besta que nunca mostrou pra ninguem?
Quem nunca fez uma carta que nunca entregou?
Quem nunca viu seu amor numa casinha de cartas de baralho, que por mais
que crescesse você sabia que uma hora iria desabar pra começar tudo denovo.




Uma vez um homem deprimido indagou a esposa o sentido de lavar os pratos.
Ela disse: "O segredo é fazer primeiro pra depois buscar o sentido do ato."
Esse pode ser considerado o segredo da vida.
Muita gente se questiona antes de fazer o que quer.
E muita gente faz o que quer e nem se dar ao luxo de se questionar o porquê quer.


E a vida continua com esse paradoxo.
Não tem motivo pra estar feliz, mas está.
Tem mil motivos pra estar feliz e chora pelos cantos.
Eu prefiro pensar que mesmo se eu não encontrar um sentido no que eu quero fazer,
eu invento um.
Prefiro pensar que é mais facil fazer, do quer saber porquê fez.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

A Borboleta e a Larva.

Tem gente que não gostar em tocar no assunto.
Mesmo quando todos nós estamos pensando nele.
É como se falassemos pelo olhar, por gestos.
Mas no fundo sabemos que o assunto esta vivo dentro de nós, só não queremos comentar.
As vezes é melhor assim.


As vezes eu fico nas calçadas esperando um bloco, um velório, qualquer merda que seja.
Se eu tiver sorte talvez eu a veja passar.


Mesmo sabendo que não ousaria faze-lo
Mas era tudo verdade, mesmo que não tenha levado a sério.
Ela tinha voado pra longe, e eu fiquei na calçada.
Mais longe que eu pudesse ver, sentir ou tocar.
E tudo que me sobrou foi uma calçada e um punhado de areia.


Eu sempre soube que ela criaria asas.
Tem gente que nasceu pra rastejar, e outras pra voar.
Algumas pessoas preferem sentir a temperatura da água antes de pular, outras apenas pulam.
Tem pessoas que gostam de correr ao redor da piscina, outras tem medo de se molhar.


Por fim, a escolha é só nossa, se vamos continuar a rastejar,
ou se um dia, nem que seja por um breve momento, nos vamos ter coragem pra voar.