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terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Rima.

Existe algum mar que me levaria ao teu corpo?
Existe algum amor que eu não rimaria com dor?
Insônia me afasta de meus sonhos e me faz um favor:
Me faça só doer os olhos nesse quarto morto.

Não preciso do futuro para me doer o presente.
Não preciso da suas unhas para coçar minhas feridas.
Estranho são dores que eu mais queria
E a paixão que parecia ausente.

E o cinza que me acostumei a ver
Brilhou de azul ao amanhecer
 E Sumiu na noite sem lua e sem vento.

Se um dia me acostumasse a rimar amor com sabor.
Não te apresses em rimar com dor

Só cave um buraco para jogar o meu sentimento.

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Eu queria ter bebido todo o vinho que derramei por engano.

Eu queria ter bebido todo o vinho que derramei por engano.
Queria ter achado uma janela pra olha-la passar.
“Eu vou embora, mesmo se você ficar.”
Era tudo difícil demais pra gente.
As ruas eram estreitas, os amores eram recortes de papeis.
Minhas ruas estão cheias de poesias borradas na parede.
Meus amigos estão catando moedas pra comprar mais uma cerveja, para garantir algumas horas da noite.
Eu embalava ao ritmo de becos sujos, e falava porcarias que todo mundo dava risadas.
Eu não bebia leite e muito menos chorava se ele derramasse por engano.
Se chora pelo vinho derramado, por poesias nas paredes e por noticias velhas.

Eu? Só pelo vinho mesmo.

sábado, 14 de dezembro de 2013

Pisando sem chão.

Estamos correndo sem pernas, estamos pisando sem chão.
“O que fazemos aqui? Por que estamos todos os dias aqui?”
Ele se sentia desmanchando naquele chão sujo. Deixou de queimar fazia alguns meses.
Ele tinha beijado um monte de garotas, mas um monte dessas garotas não tinham boca.
Ele tinha confessado para um monte de amigos. Mas todos os seus amigos não tinha ouvidos.
Seu corpo aparecia, mas sua alma se escondia.
O fluxo é forte, incontrolável, tente nadar nessas correntezas que te levam para o fundo do mar.
É só deslizar nessa confusão desenfreada. É tudo: Me ame ou me mate.
É flores ou armas.
Lágrimas ou sangue.
Ninguém se pertence mais.  É todo mundo se fazendo de difícil pra ser fácil demais.
As almas gêmeas podem sem compradas no natal.
A intimidade pode ser comprada no carnaval.
Eu vi eclipses queimando só por uma noite no céu.

“Somos só eclipses.” Eu disse pra ele. Ele concordou. E andou sem as pernas.

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Dias assim.

Tem dias que você quer acordar.
Tem dias que você quer dormir demais.
As vezes você se deita na luz e acorda na escuridão.
Acordar sem coração, sem pudor.
Descobrindo velhas vontades, vivendo novidades.
Você segue o coração, e tem dias que não existe coração.
É muito fácil pensar na morte quando se quer agir impulsivamente.
Eles não querem mais um monstro solto nas ruas, nem mais uma doença, e nem querem drogas legalizadas.
Todos querem beber os copos que sobraram na mesa sem ter que dar um olá pra ressaca no outro dia.
Todo mundo quer sonhar, mas ninguém quer se decepcionar.
Nos tornamos o que nunca queremos ser.
Vivemos como dissolvendo na nossa própria lama.
Todo mundo se condena.
Todo mundo condena todo mundo.
Eu escrevo minhas historias em círculos de erros mal resolvidos.
Eu escrevo a minha vida em palavras incompreendidas.
Eu quero você, ser você, te beijar, beber o ultimo copo, chegar aonde você nunca você me deixaria ir.
Eu quero a sua atenção, seus gestos, sua incompreensão, devorar seus sonhos e deixar você me transformar em um pesadelo bom.

Eu quero mais que disposição, eu quero ação, eu quero me banhar com a lama de seus pensamentos.

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

CHUVA

Acordei em um dia de chuva. Meu café da manhã não estava na mesa, minhas roupas não estavam passadas, nada estava pronto.
“Onde esta Mirian?” Me perguntei extremamente irritado, pois sua falta de responsabilidade comigo me faria chegar atrasado ao trabalho, onde eu chego pontualmente todos os dias.

Me deparo com ela fitando a chuva pela janela.
- Que porra você esta fazendo? – perguntei irritado.
- Assistindo a chuva. – Ela disse calmamente.
Normalmente as pessoas gostam de dizer:  “O dia esta bonito”, quando o sol ilumina o quintal e podemos ouvir o canto dos pássaros.

Mas pra ela não.
Mirian era a pessoa mais estranha que conheci, deve ser por isso que me casei com ela.
Ela sente prazer na melancolia, nos tons de cinza, no gosto amargo.
- Por que não aproveita e vai tomar um banho de chuva? – Perguntei.
Ela acendeu o cigarro, olhou para mim com aquela maquiagem borrada de ontem,  parecia embriagada de solidão, e disse nos meus olhos:
- Eu sinto a chuva daqui. – Ela disse segurando o peito com as duas mãos, e continuou:
- Ela me faz borrar como cores que se desfazem em móvel velho. Toda a noite eu borro, assim como minha maquiagem, assim como marcas de batons no espelho.
Abracei Mirian e assistimos a chuva pela janela e disse nos ouvidos dela:

- Nossas vidas não precisam de chuva para serem borradas.

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Sombras


Quando eu cheguei em casa ela me disse que eu estava diferente.
- Esta faltando algo em você. – Ela me dizia, olhando em meus olhos.
Eu não fazia ideia do que era.
Ela cheirou a minha camisa pra saber se era algum perfume, olhou nos meus bolsos pra vê se tinha algum dinheiro, mas não conseguia encontrar.
- Vá em frente, não há nada aqui. – eu dizia.
Subitamente quando eu entrei em meu quarto a luz apagou.
Me perguntei se eu tinha trazido a sombra que habitava em meu trabalho para dentro do meu lar.
- Não traga o trabalho pra casa – Dizia, Meu psicólogo.
Era tarde demais,  as sombras de meu trabalho já estava cobrindo todo o chão do meu quarto e enchiam a sala de escuridão.
- Eu esqueci as luzes do lado de fora. – Disse a Mirian, que estava assustada sentada no sofá sem dizer uma palavra.
As luzes que eu via na rua não vieram comigo, ficaram pra iluminar algo bonito.
Iluminam uma casa charmosa, uma moça linda dançando na chuva, quem sabe até um beijo de um casal apaixonado.
A minha casa, onde eu e Mirian discutíamos horas a fio por qualquer merda que seja, não merecia aquela luz bonita, só merecia a escuridão do meu trabalho, onde eu e dezenas de homens se rastejam no chão olhando pra cada movimento do sol, esperando que ele vá embora e as estrelas do céu iluminem nosso caminho de volta pra casa.
- O que você fez com a luz? – Mirian me perguntou.
Deve ter caído no chão quando eu tropecei nas pedras invisíveis das nossas vidas.

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

CURVAS.

Dedos esfriam em corpos quentes.
Coração desacelera e o fluxo corre.
Ela leva minha mão para onde sempre quis estar, mas não agora.
É tudo mecânico.
Nada é espontâneo.
Não é nada pessoal, não é culpa nossa.
Não é sua, nem minha.
Um vento frio, um clima abafado.

Uma curva, onde deveria se acelerar.