Total de visualizações de página

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Pedir Demais.


Esperei tanto para vê-la, mas quando a vi ela não foi nem sombra de que foi um dia. Parecia outra pessoa. Não era o mesmo ânimo, nem o mesmo espirito.
Estava sentada na calçada, pedindo mentalmente que aquela multidão fosse embora, ou até mesmo, derrotada pelo fato de saber que irá enfrentar a volta pra casa. A volta com tudo que tem direito: parada lotada, demora do ônibus e se tiver sorte, ela vai ter um lugar pra sentar e pensar a viagem inteira.

Quem não tem sorte sou eu. Vodca sem mistura, um brilho de cansaço, todos meus amigos pensando em ir embora e eu querendo estender a noite até onde desse.
“Estou cansada.” Ela dizia pra mim enquanto eu puxava seus braços pra deixa-la de pé.
Dias atrás eu pedi que ela não bocejasse enquanto estivesse comigo, agora eu pedi pra que não se sentasse enquanto eu estivesse de pé.
Eu peço coisas demais, eu sei, mas naquela noite eu queria um sorriso, uma companhia e um refrigerante pra não ter que tomar a vodca pura.

“Você fica mais bonita bêbada, mais brilhante, mais espirituosa”. Pensei em dizer pra ela enquanto suas mãos encostavam o seu queixo.
Eu queria suas mãos encostadas na minha, mas acho que já pedi demais.
Quando se foi, nem percebi que tinha ido embora, na verdade ela nem chegou.
As ruas de Olinda estavam esvaziando e a minha garrafa também.
Cada gole da Vodca pura eu sentia um gato arranhando meu estomago e miando como se tivesse desesperado.

“Eu vou terminar essa porra.” Dizia para Miguel.
Miguel me ajudou no início, no meio, mas não estava no fim da garrafa.
Entrei em um bar e percebi que havia bastante homossexuais, pedi um copo descartável e parei pra puxar assunto com a atendente.
“Eu gosto é de Mulher.” Ela me disse como se não quisesse mais conversa.
Era engraçado porque mal nos conhecíamos e já descobrimos algo em comum.
Ela não queria conversar, mas me deu o copo descartável, faltavam um pouco de atenção, educação e refrigerante, mas aí era pedir demais.