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sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Apreciando


Verônica até que estava bonita naquela farda. E olhe que eu odeio fardas, odeio qualquer coisa que tenha que vestir todos os dias.
As fardas refletem nosso dia. O mesmo tom, a mesma nota, o mesmo vazio.

O que eu gosto mesmo é quando eu vejo alguém surpresa em me vê.

Foi o caso de Verônica. Ela trabalhava em uma livraria.
E eu decidi passar a maior parte do meu intervalo naquela livraria, sentado, apreciando aquele amontoado de livros que eu não teria dinheiro pra comprar, era como um alcoólatra apreciando as bebidas que não poderia beber nada.

“Fazendo o que aqui?” – Ela perguntou.
“O de sempre, apreciando o que não posso ter.” – Respondi.
Eu pedia livro de presentes a Verônica e ela dizia que não dava presentes.
Então a chamei para beber, e ela aceitou.

Queria devorar aqueles livros, queria um livro de presente e queria Verônica.
Lá estava eu apreciando o que não podia ter.