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terça-feira, 24 de maio de 2011

O Quarto de Coisas Velhas.

Em um quarto de coisas velhas encontrei minha antiga bota.
Uma Bota surrada, com um certo cheiro de mofo, mas com algumas histórias pra contar.
Com aquela bota eu pisava em poças com descuido,
molhava-o em águas imundas e deixava que a natureza o secasse.
Sujas ou limpas eu sabia que voltaria a usa-las, não importava seu estado.


Depois de tanto tempo eu a encontrei neste quarto de coisas velhas,
perto de relógios parados, camisas rasgadas, livros usados.
Nas gavetas dos ármarios empoeirados eu encontrei poesias que não voltaria a escrever,
fotografias que não queria voltar a ver.
Mas o pior mesmo foi encontrar números de telefones que por mais que quisesse,
não iria voltar a ligar, mesmo sem coragem de perde-las.


Em meio aos aparelhos de segunda mão encontrei cartas carregadas de sentimento.
Sentimentos que agente ainda guarda dentro do coração, 
mesmo que seja naquela parte do quarto de coisas velhas.
Tem certos sentimentos que se parecem com a minha bota velha; 
Embora tivesse um carinho especial por ele,
usava-o com descuido esperando a natureza consertar.
Agora ele vai estar guardada lá dentro surrado,cansado,
pra quem sabe um dia eu abrir e lembrar que ela vai estar lá, aonde quer que eu vá.


Existem carros com cheiro de novo que são de segunda mão.
Há dias que você escuta um "pra sempre" sentindo um "talvez"
Há dias que você beija com gosto de "não mais".


As flores murcham mesmo sendo bem tratadas.
Paixões sobrevivem depois de tanta rejeição.


Mas apesar de tudo meu coração é como meu quarto de coisas velhas,
onde deixo sempre um espaço no canto, para o que eu guardar, sendo muito bom ou sendo um desconforto, eu tenha o prazer de voltar a lembrar.